No entanto, a maioria das pessoas que utiliza a homeopatia tem apenas uma vaga ideia de como estes remédios são preparados.
Apesar de largamente difundida, a prática da homeopatia tem inúmeros críticos. Sua forma de preparação faz com que os remédios homeopáticos não contenham um princípio activo químico em quantidades mensuráveis, sendo sua acção baseada em uma suposta transmissão de energia capaz de curar a doença em questão. Este conceito é largamente contestado por não estar de acordo com o conhecimento científico actual e a eficácia deste tipo de remédio ainda não foi claramente determinada por estudos experimentais independentes.
No Brasil, a homeopatia é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina, o que faz com que as críticas a esta prática partam, geralmente, de profissionais de outras áreas, como a química e a biologia. Profissionais da área médica que não concordam com a homeopatia são impedidos de criticá-la abertamente devido a seu código de ética.
Apesar de largamente difundida, a prática da homeopatia tem inúmeros críticos. Sua forma de preparação faz com que os remédios homeopáticos não contenham um princípio activo químico em quantidades mensuráveis, sendo sua acção baseada em uma suposta transmissão de energia capaz de curar a doença em questão. Este conceito é largamente contestado por não estar de acordo com o conhecimento científico actual e a eficácia deste tipo de remédio ainda não foi claramente determinada por estudos experimentais independentes.
No Brasil, a homeopatia é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina, o que faz com que as críticas a esta prática partam, geralmente, de profissionais de outras áreas, como a química e a biologia. Profissionais da área médica que não concordam com a homeopatia são impedidos de criticá-la abertamente devido a seu código de ética.
Os princípios da homeopatia
O pai da homeopatia, o médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843), tinha bons motivos para ir contra as práticas médicas comuns do século XVIII, que incluíam sangrias, sanguessugas, purgas e outros métodos que realmente causam mais mal do que bem.
Durante seus estudos, Hahnemann percebeu que a administração de quinino (uma droga empregada no tratamento da malária) a um paciente saudável causava alguns dos sintomas associados à esta doença. Assim, seguindo esta linha de pesquisa, Hahnemann eventualmente concluiu o seguinte princípio terapêutico: o caminho certo para tratar uma doença é dando ao paciente uma determinada droga, a qual numa pessoa saudável causa os mesmos sintomas apresentados pela pessoa doente. Por exemplo, os óxidos de enxofre SO2 e SO3 causam crises de tosse semelhante a crises de asma, então estas substâncias são prescritas para pacientes asmáticos.
Hahnemann expôs sua teoria na frase em latim similia similibus curentur (semelhante cura semelhante) ou melhor ainda, doenças semelhantes curam doenças semelhantes, pois ele achava que determinadas substâncias causavam, quando ingeridas, uma doença artificial no doente, que fazia o corpo curar a doença verdadeira. Este é o princípio da similitude ou a Lei da Similitude, que foi apresentada ao mundo em 1796. A palavra homeopatia vem do grego homoios (similar, igual) e pathos (doença, sofrimento).
Hahnemann e seus seguidores começaram a fazer experimentos com várias substâncias de origem vegetal, animal e mineral, que foram compilados em livros chamados materia medica, que são utilizados para associar os sintomas de um paciente com a droga adequada.
Ele declarou ainda que as doenças eram perturbações na habilidade do corpo de se curar e que portanto eram necessárias apenas quantidades ínfimas para iniciar o processo de cura. Ele também declarou que as doenças crônicas eram uma manifestação de uma coceira reprimida (psora), um tipo de miasma ou espírito maligno. Utilizando inicialmente doses pequenas de medicamentos, Hahnemann posteriormente passou a empregar enormes diluições, teorizando que quanto maior a diluição maior o efeito. Desta forma, os remédios homeopáticos são "dinamizados", isto é, diluídos até o ponto em que não mais exista mais uma única molécula do princípio ativo. Hahnemann justificou este procedimento com uma teoria de que não são os átomos das substâncias que curam, mas sim uma espécie de efeito indutivo causado pela presença destas moléculas durante a diluição. Este princípio é conhecido como Lei dos Infinitesimais.
Estas idéias são a base da homeopatia moderna. Muitos homeopatas afirmam também que algumas pessoas possuem uma afinidade especial com um remédio em particular (o chamado "remédio constitucional") e que serve para curar várias doenças. Estes remédios são prescritos de acordo com o tipo constitucional da pessoa. Alguns exemplos destes tipos são:
Ignatia - pessoa nervosa e muitas vezes chorona e que não gosta de fumaça de cigarro
Pulstilla - é uma mulher jovem com cabelo louro ou castanho claro, olhos azuis, gentil, temerosa, romântica, emotiva, amiga, porém tímida.
Nux Vomica - pessoa agressiva, belicosa, ambiciosa e hiperativa.
Sulfur - gosta de ser independente.
Durante seus estudos, Hahnemann percebeu que a administração de quinino (uma droga empregada no tratamento da malária) a um paciente saudável causava alguns dos sintomas associados à esta doença. Assim, seguindo esta linha de pesquisa, Hahnemann eventualmente concluiu o seguinte princípio terapêutico: o caminho certo para tratar uma doença é dando ao paciente uma determinada droga, a qual numa pessoa saudável causa os mesmos sintomas apresentados pela pessoa doente. Por exemplo, os óxidos de enxofre SO2 e SO3 causam crises de tosse semelhante a crises de asma, então estas substâncias são prescritas para pacientes asmáticos.
Hahnemann expôs sua teoria na frase em latim similia similibus curentur (semelhante cura semelhante) ou melhor ainda, doenças semelhantes curam doenças semelhantes, pois ele achava que determinadas substâncias causavam, quando ingeridas, uma doença artificial no doente, que fazia o corpo curar a doença verdadeira. Este é o princípio da similitude ou a Lei da Similitude, que foi apresentada ao mundo em 1796. A palavra homeopatia vem do grego homoios (similar, igual) e pathos (doença, sofrimento).
Hahnemann e seus seguidores começaram a fazer experimentos com várias substâncias de origem vegetal, animal e mineral, que foram compilados em livros chamados materia medica, que são utilizados para associar os sintomas de um paciente com a droga adequada.
Ele declarou ainda que as doenças eram perturbações na habilidade do corpo de se curar e que portanto eram necessárias apenas quantidades ínfimas para iniciar o processo de cura. Ele também declarou que as doenças crônicas eram uma manifestação de uma coceira reprimida (psora), um tipo de miasma ou espírito maligno. Utilizando inicialmente doses pequenas de medicamentos, Hahnemann posteriormente passou a empregar enormes diluições, teorizando que quanto maior a diluição maior o efeito. Desta forma, os remédios homeopáticos são "dinamizados", isto é, diluídos até o ponto em que não mais exista mais uma única molécula do princípio ativo. Hahnemann justificou este procedimento com uma teoria de que não são os átomos das substâncias que curam, mas sim uma espécie de efeito indutivo causado pela presença destas moléculas durante a diluição. Este princípio é conhecido como Lei dos Infinitesimais.
Estas idéias são a base da homeopatia moderna. Muitos homeopatas afirmam também que algumas pessoas possuem uma afinidade especial com um remédio em particular (o chamado "remédio constitucional") e que serve para curar várias doenças. Estes remédios são prescritos de acordo com o tipo constitucional da pessoa. Alguns exemplos destes tipos são:
Ignatia - pessoa nervosa e muitas vezes chorona e que não gosta de fumaça de cigarro
Pulstilla - é uma mulher jovem com cabelo louro ou castanho claro, olhos azuis, gentil, temerosa, romântica, emotiva, amiga, porém tímida.
Nux Vomica - pessoa agressiva, belicosa, ambiciosa e hiperativa.
Sulfur - gosta de ser independente.
O ponto de vista bioquímico
Quimicamente, os remédios homeopáticos são diluições tão extremas que sua composição não passa de solvente puro (água, álcool, etc) ou outro veículo qualquer no caso de comprimidos (usualmente lactose, um tipo de açúcar) ou outras apresentações. Os homeopatas partem de substâncias de origem vegetal, animal ou mineral, daí a confusão com um ramo da medicina de eficácia realmente comprovada, a fitoterapia, que utiliza extractos botânicos que contém princípios activos que realmente tem efeitos terapêuticos.
Um extracto bruto é preparado e seguido de "dinamização", ou seja diluições sucessivas até que não haja sequer uma molécula de princípio activo. Estas diluições são feitas da seguinte maneira: toma-se uma parte do extracto bruto e mistura-se a 9 ou 99 partes do solvente ou veículo. Esta etapa é repetida várias vezes e são chamadas de dinamizações. Estas dinamizações são indicadas pela "potência" do medicamento. A letra X indica diluições 1 para 10 e a letra C, 1 para 100. Desta forma, um medicamento 6X significa uma diluição de 1 para 1.000.000, por exemplo, um 1mL de extracto bruto para 1000 litros de água/álcool.
A maioria dos "medicamentos" é da ordem de 6X a 30X, mas alguns produtos são da ordem de até 30C, ou seja, a substância original sofreu uma diluição de 1 para 1060 (1 seguido de 60 zeros). Em outras palavras, é água pura. Se partíssemos de cerca de 1 gota de substância activa o recipiente para fazer tal diluição teria que ter cerca de 10 bilhões de vezes o tamanho da Terra!!!. O princípio dos infinitesimais diz que se colocássemos uma gota de fel (uma substância muito amarga) em um recipiente deste tamanho e dele retirássemos uma gota, esta única gota conteria a essência do amargor.
Um remédio comercializado mundialmente conhecido como Oscillococcinum, é um produto 200C, utilizado para alívio de sintomas de resfriados e gripes. Seu "ingrediente activo" é preparado da seguinte maneira: o coração e o fígado de um pato recém morto são incubados por cerca de 40 dias, o líquido resultante é filtrado, liofilizado, reidratado, "dinamizado" e impregnado em comprimidos de açúcar. A diluição, nestes caso é de 1 molécula de princípio activo em 100200 (1 seguido de 400 zeros) moléculas, que é mais que todos os átomos existentes no Universo conhecido. Ou seja, os comprimidos são realmente "pílulas de farinha". Ainda, com apenas um pato é possível produzir todo o medicamento vendido no mundo em um ano, um faturamento de cerca 20 milhões de dólares. Até hoje somente um teste clínico foi realizado, de forma que os resultados são totalmente inconclusivos, já que nenhum medicamento pode ser considerado eficaz após ser aprovado em apenas um teste [1].
Os homeopatas dirão que a ideia é realmente atingir uma diluição tão alta que não reste nenhuma molécula do princípio activo, já que Hahnemann acreditava que o processo de diluição que envolve intensa agitação ou maceração deixava para trás uma essência, imperceptível para os sentidos, mas capaz de revitalizar a força vital do corpo. Entretanto, estas noções não têm embasamento científico nenhum e nunca foram comprovadas por investigadores independentes. Mais do que isso, se a teoria de Hanhnemann fosse verdadeira, este fenônemo de transmissão da energia de uma molécula deveria se apresentar em inúmeros outros casos, além da preparação de remédios homeopáticos, o que também nunca foi observado. Algumas perguntas que surgem imediatamente são:
Por que esta transmissão de energia inclui somente os efeitos terapêuticos do princípio activo, e não seus efeitos colaterais?
Por que esta transmissão não ocorre também com outras substâncias com as quais a solução tem contacto durante a sua preparação? Por mais cuidado que se tenha na sua preparação, as soluções serão sempre contaminadas, em menor ou maior grau, por um enorme número de substâncias presentes no ambiente. Como o efeito destas substâncias se "perde"?
A teoria homeopática diz que a "energia" do princípio activo é transmitida para a solução durante o processo de diluição. Mas e quanto às pílulas, que consistem principalmente de lactose? Mesmo que acreditemos, por um instante, na transmissão de energia para uma solução, como essa energia é transferida para o açúcar?
De qualquer forma, mesmo que a teoria de Hahnemann não tenha fundamento, é concebível que os remédios homeopáticos sejam eficazes, agindo por algum outro mecanismo desconhecido. O verdadeiro teste da eficácia deste tipo de remédio consiste, portanto, na realização de estudos experimentais adequados. Infelizmente, os resultados dos estudos realizados até agora também não indicam um efeito terapêutico significante dos remédios homeopáticos.
1. Ferley JP, Zmirou D, D'Adhemar D, Balducci F. A controlled evaluation of a homeopathic preparation in influenza-like syndromes. Br J Clin Pharmac 1989) 27, 329-335. (abstract).
Um extracto bruto é preparado e seguido de "dinamização", ou seja diluições sucessivas até que não haja sequer uma molécula de princípio activo. Estas diluições são feitas da seguinte maneira: toma-se uma parte do extracto bruto e mistura-se a 9 ou 99 partes do solvente ou veículo. Esta etapa é repetida várias vezes e são chamadas de dinamizações. Estas dinamizações são indicadas pela "potência" do medicamento. A letra X indica diluições 1 para 10 e a letra C, 1 para 100. Desta forma, um medicamento 6X significa uma diluição de 1 para 1.000.000, por exemplo, um 1mL de extracto bruto para 1000 litros de água/álcool.
A maioria dos "medicamentos" é da ordem de 6X a 30X, mas alguns produtos são da ordem de até 30C, ou seja, a substância original sofreu uma diluição de 1 para 1060 (1 seguido de 60 zeros). Em outras palavras, é água pura. Se partíssemos de cerca de 1 gota de substância activa o recipiente para fazer tal diluição teria que ter cerca de 10 bilhões de vezes o tamanho da Terra!!!. O princípio dos infinitesimais diz que se colocássemos uma gota de fel (uma substância muito amarga) em um recipiente deste tamanho e dele retirássemos uma gota, esta única gota conteria a essência do amargor.
Um remédio comercializado mundialmente conhecido como Oscillococcinum, é um produto 200C, utilizado para alívio de sintomas de resfriados e gripes. Seu "ingrediente activo" é preparado da seguinte maneira: o coração e o fígado de um pato recém morto são incubados por cerca de 40 dias, o líquido resultante é filtrado, liofilizado, reidratado, "dinamizado" e impregnado em comprimidos de açúcar. A diluição, nestes caso é de 1 molécula de princípio activo em 100200 (1 seguido de 400 zeros) moléculas, que é mais que todos os átomos existentes no Universo conhecido. Ou seja, os comprimidos são realmente "pílulas de farinha". Ainda, com apenas um pato é possível produzir todo o medicamento vendido no mundo em um ano, um faturamento de cerca 20 milhões de dólares. Até hoje somente um teste clínico foi realizado, de forma que os resultados são totalmente inconclusivos, já que nenhum medicamento pode ser considerado eficaz após ser aprovado em apenas um teste [1].
Os homeopatas dirão que a ideia é realmente atingir uma diluição tão alta que não reste nenhuma molécula do princípio activo, já que Hahnemann acreditava que o processo de diluição que envolve intensa agitação ou maceração deixava para trás uma essência, imperceptível para os sentidos, mas capaz de revitalizar a força vital do corpo. Entretanto, estas noções não têm embasamento científico nenhum e nunca foram comprovadas por investigadores independentes. Mais do que isso, se a teoria de Hanhnemann fosse verdadeira, este fenônemo de transmissão da energia de uma molécula deveria se apresentar em inúmeros outros casos, além da preparação de remédios homeopáticos, o que também nunca foi observado. Algumas perguntas que surgem imediatamente são:
Por que esta transmissão de energia inclui somente os efeitos terapêuticos do princípio activo, e não seus efeitos colaterais?
Por que esta transmissão não ocorre também com outras substâncias com as quais a solução tem contacto durante a sua preparação? Por mais cuidado que se tenha na sua preparação, as soluções serão sempre contaminadas, em menor ou maior grau, por um enorme número de substâncias presentes no ambiente. Como o efeito destas substâncias se "perde"?
A teoria homeopática diz que a "energia" do princípio activo é transmitida para a solução durante o processo de diluição. Mas e quanto às pílulas, que consistem principalmente de lactose? Mesmo que acreditemos, por um instante, na transmissão de energia para uma solução, como essa energia é transferida para o açúcar?
De qualquer forma, mesmo que a teoria de Hahnemann não tenha fundamento, é concebível que os remédios homeopáticos sejam eficazes, agindo por algum outro mecanismo desconhecido. O verdadeiro teste da eficácia deste tipo de remédio consiste, portanto, na realização de estudos experimentais adequados. Infelizmente, os resultados dos estudos realizados até agora também não indicam um efeito terapêutico significante dos remédios homeopáticos.
1. Ferley JP, Zmirou D, D'Adhemar D, Balducci F. A controlled evaluation of a homeopathic preparation in influenza-like syndromes. Br J Clin Pharmac 1989) 27, 329-335. (abstract).
Pesquisa científica
Apesar da falta de comprovação científica, inúmeras pessoas atestarão a eficácia dos remédios homeopáticos a partir de suas experiências pessoais. Por quê?
Dois efeitos contribuem para a aparente eficácia dos remédios homeopáticos. Em primeiro lugar, várias condições médicas de menor gravidade (por exemplo, uma gripe) têm uma regressão natural, mesmo que nenhum medicamento seja empregado. Ao observar esta regressão após tomar um medicamento ineficaz, a pessoa frequëntemente associará a cura ao medicamento, mesmo que este não tenha tido nenhuma participação no processo.
Outro efeito importante é conhecido como efeito placebo. Placebo significa em latim "eu vou agradar". O termo foi introduzido no século XIX para denominar remédios que eram receitados somente para agradar o paciente. Um placebo é definido como um tratamento que causa um efeito no paciente, apesar de não ter nenhuma ação específica na doença. Em outras palavras, é um medicamento "falso", cuja função é apenas fazer o paciente acreditar que está sendo tratado. O efeito placebo é bem documentado, sendo empregado nos testes de avaliação de novos medicamentos. Nesses testes se adota um procedimento conhecido como duplo cego. Isto significa que parte dos pacientes recebe o medicamento real e o restante recebe um placebo, sendo que nem os pacientes nem os médicos que aplicam os medicamentos sabem quem está recebendo o quê. Desta forma, é eliminada qualquer influência de fatores psicológicos na evolução da doença. Se o medicamento em teste apresentar resultados significativamente melhores que o placebo, sabe-se então que isto é realmente conseqüência de sua ação química no organismo. Dependendo da doença em questão a fração de pacientes que apresentam melhora após a administração do placebo pode ser superior a 30%.
Pode-se argumentar que se o efeito de um medicamento baseia-se unicamente no efeito placebo, isto não constitui um problema, já que a pessoa irá se curar de sua doenças sem sofrer efeitos colaterais resultantes da administração de remédios tradicionais. Isto é realmente válido para doenças auto-limitadas, que não apresentam consequências graves. Por outro lado, a administração de um placebo para doenças graves pode levar a sérias conseqüências (inclusive, em alguns casos, a morte). Este é um risco assumido conscientemente por pacientes que se oferecem voluntariamente para participar de pesquisas de novos medicamentos.
Outros fatores podem influenciar a percepção da eficácia de um medicamento. Um excelente texto sobre este assunto pode ser encontrado aqui.
Dois efeitos contribuem para a aparente eficácia dos remédios homeopáticos. Em primeiro lugar, várias condições médicas de menor gravidade (por exemplo, uma gripe) têm uma regressão natural, mesmo que nenhum medicamento seja empregado. Ao observar esta regressão após tomar um medicamento ineficaz, a pessoa frequëntemente associará a cura ao medicamento, mesmo que este não tenha tido nenhuma participação no processo.
Outro efeito importante é conhecido como efeito placebo. Placebo significa em latim "eu vou agradar". O termo foi introduzido no século XIX para denominar remédios que eram receitados somente para agradar o paciente. Um placebo é definido como um tratamento que causa um efeito no paciente, apesar de não ter nenhuma ação específica na doença. Em outras palavras, é um medicamento "falso", cuja função é apenas fazer o paciente acreditar que está sendo tratado. O efeito placebo é bem documentado, sendo empregado nos testes de avaliação de novos medicamentos. Nesses testes se adota um procedimento conhecido como duplo cego. Isto significa que parte dos pacientes recebe o medicamento real e o restante recebe um placebo, sendo que nem os pacientes nem os médicos que aplicam os medicamentos sabem quem está recebendo o quê. Desta forma, é eliminada qualquer influência de fatores psicológicos na evolução da doença. Se o medicamento em teste apresentar resultados significativamente melhores que o placebo, sabe-se então que isto é realmente conseqüência de sua ação química no organismo. Dependendo da doença em questão a fração de pacientes que apresentam melhora após a administração do placebo pode ser superior a 30%.
Pode-se argumentar que se o efeito de um medicamento baseia-se unicamente no efeito placebo, isto não constitui um problema, já que a pessoa irá se curar de sua doenças sem sofrer efeitos colaterais resultantes da administração de remédios tradicionais. Isto é realmente válido para doenças auto-limitadas, que não apresentam consequências graves. Por outro lado, a administração de um placebo para doenças graves pode levar a sérias conseqüências (inclusive, em alguns casos, a morte). Este é um risco assumido conscientemente por pacientes que se oferecem voluntariamente para participar de pesquisas de novos medicamentos.
Outros fatores podem influenciar a percepção da eficácia de um medicamento. Um excelente texto sobre este assunto pode ser encontrado aqui.
Conclusões
Os princípios que formam a base teórica da homeopatia não têm nenhuma comprovação científica; pelo contrário, eles estão em flagrante desacordo com o nosso conhecimento atual de física, química e biologia;
A princípio, o fato de uma teoria ir de encontro ao conhecimento atual em qualquer área da ciência não significa necessariamente que esta teoria esteja errada. Existem inúmeros casos na história da ciência onde novas teorias, inicialmente descartadas, foram posteriormente comprovadas. O verdadeiro teste de uma nova teoria é a sua coerência com resultados experimentais observados e sua capacidade de prever novos resultados anteriormente inesperados. Entretanto, até o momento, as teorias da homeopatia não atingiram nenhum destes requisitos.
Mesmo que as teorias homeopáticas estejam erradas, é concebível que os remédios homeopáticos sejam eficazes, agindo por algum outro mecanismo desconhecido. Mais uma vez, o verdadeiro teste é a obtenção de resultados experimentais confiáveis. Infelizmente, apesar de serem empregados há mais de um século, ainda não foram obtidos resultados convincentes de que os remédios homeopáticos são realmente eficazes contra qualquer tipo de doença.
O fato de que os remédios homeopáticos não são submetidos a testes tão rigorosos como os medicamentos tradicionais e, principalmente, a oposição (de pelo menos parte) da comunidade homeopática a que isto seja feito, contribui para a descrença em sua eficácia.
Um argumento clássico a favor das chamadas terapias alternativas, onde a homeopatia se enquadra, é de que os resultados que comprovam sua eficácia são descartados pela comunidade científica em razão de preconceito ou da ausência de uma atitude "aberta" a conhecimentos originados fora das linhas tradicionais de pesquisa. Apesar de isto poder ser verdade para certos indivíduos, o método científico é, em sua concepção, imparcial. É difícil acreditar que a comunidade médica em geral descartaria qualquer tipo de tratamento cujo efeito fosse realmente comprovado, por simples preconceito. Isto é especialmente válido para o caso dos remédios homeopáticos, em virtude de seu baixíssimo custo de preparação.
A princípio, o fato de uma teoria ir de encontro ao conhecimento atual em qualquer área da ciência não significa necessariamente que esta teoria esteja errada. Existem inúmeros casos na história da ciência onde novas teorias, inicialmente descartadas, foram posteriormente comprovadas. O verdadeiro teste de uma nova teoria é a sua coerência com resultados experimentais observados e sua capacidade de prever novos resultados anteriormente inesperados. Entretanto, até o momento, as teorias da homeopatia não atingiram nenhum destes requisitos.
Mesmo que as teorias homeopáticas estejam erradas, é concebível que os remédios homeopáticos sejam eficazes, agindo por algum outro mecanismo desconhecido. Mais uma vez, o verdadeiro teste é a obtenção de resultados experimentais confiáveis. Infelizmente, apesar de serem empregados há mais de um século, ainda não foram obtidos resultados convincentes de que os remédios homeopáticos são realmente eficazes contra qualquer tipo de doença.
O fato de que os remédios homeopáticos não são submetidos a testes tão rigorosos como os medicamentos tradicionais e, principalmente, a oposição (de pelo menos parte) da comunidade homeopática a que isto seja feito, contribui para a descrença em sua eficácia.
Um argumento clássico a favor das chamadas terapias alternativas, onde a homeopatia se enquadra, é de que os resultados que comprovam sua eficácia são descartados pela comunidade científica em razão de preconceito ou da ausência de uma atitude "aberta" a conhecimentos originados fora das linhas tradicionais de pesquisa. Apesar de isto poder ser verdade para certos indivíduos, o método científico é, em sua concepção, imparcial. É difícil acreditar que a comunidade médica em geral descartaria qualquer tipo de tratamento cujo efeito fosse realmente comprovado, por simples preconceito. Isto é especialmente válido para o caso dos remédios homeopáticos, em virtude de seu baixíssimo custo de preparação.