No final do século XIX e início do século XX, a astrologia sofria um grande declínio, porém voltou a florescer durante os anos 70, e actualmente é quase impossível encontrar alguém que não saiba qual é o seu signo ou que nunca tenha lido no jornal o que os astros lhe reservaram para aquele dia. Outros vão mais longe e consultam os astros para tomar decisões do tipo quem contratar para um emprego ou em quais acções investir. Outros prevêem os resultados de eleições presidenciais.
Nos primórdios a Astronomia e a astrologia eram indistinguíveis, o estudo dos astros envolvia também a elaboração de previsões e horóscopo, e muitos astrónomos famosos como Tycho Brahe (1546-1601) e Johannes Kepler (1571-1630) obtinham seu sustento fazendo horóscopos para os governantes.
A base da astrologia é simples: a personalidade e o destino de uma pessoa ou nação são governados pela posição dos astros no momento do nascimento. Existem vários ramos da astrologia: a astrologia horária, que faz uma conexão entre a hora exacta e local de nascimento da pessoa com a data, hora e local da consulta astrológica; a astrologia tradicional (pré-1700) que afirma ser possível prever todos os tipos de eventos mundiais a partir das doze casas do horóscopo; a macro-astrologia, que considera apenas as eras zodiacais (Era de Aquário, de Peixes etc) para fazer previsões em escala mundial; a astrologia psicológica, que utiliza não apenas o signo solar, mas também as posições e interacções dos nove planetas para compreender a personalidade da pessoa; finalmente, a mais difundida de todas, a astrologia do signo solar, que é encontrada em jornais, revistas e também na Internet. Apesar da maioria dos astrólogos atestarem a imprecisão desta última, a astrologia do signo solar não é abandonada e continua a gerar grandes lucros por ser a forma mais popular de astrologia.Clique aqui para editar .
Nos primórdios a Astronomia e a astrologia eram indistinguíveis, o estudo dos astros envolvia também a elaboração de previsões e horóscopo, e muitos astrónomos famosos como Tycho Brahe (1546-1601) e Johannes Kepler (1571-1630) obtinham seu sustento fazendo horóscopos para os governantes.
A base da astrologia é simples: a personalidade e o destino de uma pessoa ou nação são governados pela posição dos astros no momento do nascimento. Existem vários ramos da astrologia: a astrologia horária, que faz uma conexão entre a hora exacta e local de nascimento da pessoa com a data, hora e local da consulta astrológica; a astrologia tradicional (pré-1700) que afirma ser possível prever todos os tipos de eventos mundiais a partir das doze casas do horóscopo; a macro-astrologia, que considera apenas as eras zodiacais (Era de Aquário, de Peixes etc) para fazer previsões em escala mundial; a astrologia psicológica, que utiliza não apenas o signo solar, mas também as posições e interacções dos nove planetas para compreender a personalidade da pessoa; finalmente, a mais difundida de todas, a astrologia do signo solar, que é encontrada em jornais, revistas e também na Internet. Apesar da maioria dos astrólogos atestarem a imprecisão desta última, a astrologia do signo solar não é abandonada e continua a gerar grandes lucros por ser a forma mais popular de astrologia.Clique aqui para editar .
As origens da astrologia
A astrologia surgiu no vale dos rios Tigres e Eufrates por volta de 3000 a.C. Os mesopotâmicos e os babilónios acreditavam que o movimento dos planetas, do Sol e da Lua influenciavam os destinos dos governantes e das nações. Ela começou a se espalhar pelo Ocidente quando os gregos absorveram parte da cultura babilónica por volta de 500 a.C. E por volta de dois séculos antes de Cristo, eles a democratizaram ao atribuir a influência dos astros sobre a personalidade e o futuro de todas as pessoas e não apenas dos governantes e das nações.
As origens da astrologia podem ser facilmente compreendidas. Na Antiguidade, as pessoas utilizavam os corpos celestes e seus movimentos para medir a passagem do tempo. O nascer e o pôr-do-sol marcavam a jornada de um dia; as fases da Lua marcavam a passagem dos meses e as constelações marcavam a passagem dos anos. Portanto, os astros pareciam governar as estações do ano, as colheitas, o ciclo de vida de muitos animais, as marés e até o ciclo menstrual humano.
As origens da astrologia podem ser facilmente compreendidas. Na Antiguidade, as pessoas utilizavam os corpos celestes e seus movimentos para medir a passagem do tempo. O nascer e o pôr-do-sol marcavam a jornada de um dia; as fases da Lua marcavam a passagem dos meses e as constelações marcavam a passagem dos anos. Portanto, os astros pareciam governar as estações do ano, as colheitas, o ciclo de vida de muitos animais, as marés e até o ciclo menstrual humano.
Um pouco de astronomia - As constelações
A nomeação das constelações do Zodíaco como nós as conhecemos data da época da criação da astrologia pelos babilónios, ou seja entre 2000 e 3000 a.C. Naquela época, em seu caminho aparente pelo céu (denominado eclíptica), o Sol transitava por doze constelações, os signos zodiacais. Mas, devido à precessão da Terra (ver adiante), isto mudou e actualmente o Sol transita por treze constelações.
Além disso, as estrelas não são fixas no céu. Elas se movem em relação ao Sol com velocidades da ordem de vários quilómetros por segundo e portanto suas posições mudam com o tempo. No entanto, como as estrelas estão muito distantes da Terra, a mudança é bastante lenta para um observador no nosso planeta e desde os babilónios as constelações mudaram pouco.
Outras culturas também perceberam padrões no céu, no entanto, os padrões são diferentes entre si. Isto significa que as estrelas que pertencem à constelação de Órion podem ser parte de uma constelação totalmente diferente para povos da Ásia e África, por exemplo.
É importante lembrar que todas as estrelas visíveis a olho nu estão contidas em uma esfera de 156 anos-luz, ou seja, estão dentro da nossa galáxia que, por sua vez, possui 100.000 anos-luz de diâmetro. Por outro lado, as estrelas que compõem uma constelação, apesar de parecerem estarem próximas, na maioria das vezes estão muito distantes entre si. Portanto, as constelações são padrões arbitrários.
Além disso, as estrelas não são fixas no céu. Elas se movem em relação ao Sol com velocidades da ordem de vários quilómetros por segundo e portanto suas posições mudam com o tempo. No entanto, como as estrelas estão muito distantes da Terra, a mudança é bastante lenta para um observador no nosso planeta e desde os babilónios as constelações mudaram pouco.
Outras culturas também perceberam padrões no céu, no entanto, os padrões são diferentes entre si. Isto significa que as estrelas que pertencem à constelação de Órion podem ser parte de uma constelação totalmente diferente para povos da Ásia e África, por exemplo.
É importante lembrar que todas as estrelas visíveis a olho nu estão contidas em uma esfera de 156 anos-luz, ou seja, estão dentro da nossa galáxia que, por sua vez, possui 100.000 anos-luz de diâmetro. Por outro lado, as estrelas que compõem uma constelação, apesar de parecerem estarem próximas, na maioria das vezes estão muito distantes entre si. Portanto, as constelações são padrões arbitrários.
As figuras a seguir mostram a constelação de Órion vista no céu (a), sua representação (b) e a localização das estrelas no espaço sideral (c). |
Gravidade
A teoria gravitacional descrita pelo astrónomo inglês Isaac Newton, no século XVII, mostra que massa atrai massa com uma força proporcional ao produto das massas envolvidas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. Ou seja, quanto maiores as massas dos objectos, maior a atracção, ao passo que quanto maior a distância muito menor é a atracção.
Esta força de atracção, denominada gravidade, é que nos prende à superfície terrestre, mantém a Lua girando em torno da Terra e a própria Terra girando em torno do Sol. O movimento de todos os corpos celestes também é governado pela gravidade. E as interacções gravitacionais entre Lua e a Terra são responsáveis pelo fenómeno das marés. |
Precessão
Devido a uma acção conjunta da gravidade da Lua e do Sol sobre a Terra, seu eixo de rotação gira lentamente da mesma forma que um pião desequilibrado. São necessários cerca de 26.000 anos para que ocorra uma precessão completa, ou seja, para que o eixo de rotação da Terra gire 360°. Em termos astronómicos, isto significa que as posições das estrelas no céu, para um observador na Terra, mudam lentamente com o passar dos anos.
A figura mostra o plano da eclíptica, assim como a actual estrela polar, aquela que indica a direcção do Pólo Norte, Polaris; Vega, a futura estrela polar (em 14000 d.C.) e também Thuban, a estrela polar em 3000 a.C.
A figura mostra o plano da eclíptica, assim como a actual estrela polar, aquela que indica a direcção do Pólo Norte, Polaris; Vega, a futura estrela polar (em 14000 d.C.) e também Thuban, a estrela polar em 3000 a.C.
Qual é o mecanismo da astrologia?
Não pode ser a gravidade ou outra força conhecida pela Ciência
Muitos apontam como evidência da influência dos astros sobre as pessoas o fato da gravidade do Sol e da Lua serem fortes o suficiente para causar a subida e descida das marés. Se a Lua pode afectar os marés pode certamente afectar uma pessoa, afinal, assim como os oceanos, nós somos constituídos por 70% de água e que passamos 9 meses flutuando em água salgada, o líquido amniótico. No entanto, estudos sobre a influência da Lua sobre as pessoas mostram o contrário.
Além disso, tanto a teorias gravitacionais de Newton e de Einstein quanto a teoria electromagnética de Maxwell comprovam que o efeito dos astros sobre pessoas é complemente desprezível, isto é, muito menor do que o efeito dos outros corpos na própria Terra. O obstetra que realiza o parto de uma criança exerce uma atracção gravitacional sobre ela seis vezes maior do que o planeta Marte, pois embora a massa de Marte seja muito maior do que a do obstetra, o planeta está muito mais distante.
Roger Culver e Philip Ianna no seu livro sobre astrologia, Astrology: True or False (1988, Prometheus Books), fizeram vários cálculos mostrando que para qualquer força, seja ela gravitacional ou magnética, os efeitos dos planetas são desprezíveis quando comparados àqueles exercidos por objectos e pessoas na própria Terra.
Além disso, tanto a teorias gravitacionais de Newton e de Einstein quanto a teoria electromagnética de Maxwell comprovam que o efeito dos astros sobre pessoas é complemente desprezível, isto é, muito menor do que o efeito dos outros corpos na própria Terra. O obstetra que realiza o parto de uma criança exerce uma atracção gravitacional sobre ela seis vezes maior do que o planeta Marte, pois embora a massa de Marte seja muito maior do que a do obstetra, o planeta está muito mais distante.
Roger Culver e Philip Ianna no seu livro sobre astrologia, Astrology: True or False (1988, Prometheus Books), fizeram vários cálculos mostrando que para qualquer força, seja ela gravitacional ou magnética, os efeitos dos planetas são desprezíveis quando comparados àqueles exercidos por objectos e pessoas na própria Terra.
Um efeito desconhecido que não depende da distância
Alguns astrólogos afirmam que realmente não é nenhuma das forças conhecidas o mecanismo por trás da astrologia.
As quatro forças conhecidas pela Ciência, gravidade, electromagnetismo, forças nuclear forte e nuclear fraca, descrevem o universo muito bem sem a necessidade de nenhuma outra força. Mas a astrologia alega existir uma "efeito astrológico" que só se manifesta no que diz respeito à vida das pessoas e que não depende da distância. O efeito dos planetas, como Marte, sobre os horóscopos é o mesmo quando Marte está do mesmo lado do Sol que a Terra e quando ele está do outro lado do Sol, cinco vezes mais distante. Se o efeito não depende da distância, porque não levar em conta o efeito das estrelas mais distantes, galáxias, quasares e buracos negros? Porque só considerar as estrelas visíveis a olho nu e os planetas? Existem biliões de objectos estupendos em nosso universo que podem exercer sua "força astrológica" sobre nós. Será que um horóscopo que não leva em consideração a influência de Rigel, o pulsar existente na nebulosa do Caranguejo ou o buraco negro no centro da Via Láctea está realmente completo?
É interessante notar que outros objectos do nosso sistema solar como os asteróides são deixados de fora da análise astrológica individual.
As quatro forças conhecidas pela Ciência, gravidade, electromagnetismo, forças nuclear forte e nuclear fraca, descrevem o universo muito bem sem a necessidade de nenhuma outra força. Mas a astrologia alega existir uma "efeito astrológico" que só se manifesta no que diz respeito à vida das pessoas e que não depende da distância. O efeito dos planetas, como Marte, sobre os horóscopos é o mesmo quando Marte está do mesmo lado do Sol que a Terra e quando ele está do outro lado do Sol, cinco vezes mais distante. Se o efeito não depende da distância, porque não levar em conta o efeito das estrelas mais distantes, galáxias, quasares e buracos negros? Porque só considerar as estrelas visíveis a olho nu e os planetas? Existem biliões de objectos estupendos em nosso universo que podem exercer sua "força astrológica" sobre nós. Será que um horóscopo que não leva em consideração a influência de Rigel, o pulsar existente na nebulosa do Caranguejo ou o buraco negro no centro da Via Láctea está realmente completo?
É interessante notar que outros objectos do nosso sistema solar como os asteróides são deixados de fora da análise astrológica individual.
Não é função da luminosidade do corpo celeste
A influência astrológica também não depende da visibilidade dos corpos celestes, pois apesar de somente as estrelas visíveis serem consideradas, os planetas invisíveis a olho nu, Úrano, Neptuno e Plutão, são considerados nos actuais cálculos astrológicos.
Outros aspectos nebulosos
Alguns astrólogos baseiam suas previsões ou conclusões nas posições dos planetas. Antigamente, como não se conheciam nem Neptuno, Úrano ou Plutão, as previsões não levavam em consideração estes planetas importantes para as actuais previsões. Os planetas só têm influência se soubermos da sua existência? Quem desconhece a existência de planetas e astrologia sentirá a influência dos astros? Estudos mostram que não (Introversion-Extraversion: astrology versus psychology, Jan J. F. Van Rooij, Person. Individ. Diff. Vol. 16. No. 6, 985-988, 1994.).
Se a astrologia é explicada por uma força desconhecida da Ciência e independente da distância, por que anomalias e discrepâncias nos horóscopos antigos não levaram os astrólogos a preverem a existência destes planetas? (Anomalias nas órbitas dos planetas conhecidos levaram os astrónomos a procurar os objectos que causavam estes efeitos gravitacional e foi assim que Neptuno e Plutão foram descobertos).
Uma era zodiacal, como a era de Aquário, dentro de uma perspectiva astronómica, é definida como o período em anos em que o Sol, no dia do Equinócio Vernal (início do outono no hemisfério Sul), nasce em uma determinada constelação: Áries, Peixes ou Aquário, por exemplo. Devido à precessão da Terra, a posição do Sol no céu no dia do Equinócio Vernal se modificou lentamente desde os tempos dos babilónicos.
A área ocupada por uma constelação no céu é limitada por uma borda imaginária que a separa das demais constelações. Em 1929, a União Astronómica Internacional definiu as bordas das 88 constelações oficiais. A borda estabelecida entre Peixes e Aquário localiza o início da Era de Aquário por volta de 2600 d.C. Os astrólogos não utilizam esta convenção e afirmam " que os acontecimentos atuais mostram que já estamos na Era de Aquário". Pelo menos eles aceitam o fenómeno da precessão. Certo?
Se a astrologia é explicada por uma força desconhecida da Ciência e independente da distância, por que anomalias e discrepâncias nos horóscopos antigos não levaram os astrólogos a preverem a existência destes planetas? (Anomalias nas órbitas dos planetas conhecidos levaram os astrónomos a procurar os objectos que causavam estes efeitos gravitacional e foi assim que Neptuno e Plutão foram descobertos).
Uma era zodiacal, como a era de Aquário, dentro de uma perspectiva astronómica, é definida como o período em anos em que o Sol, no dia do Equinócio Vernal (início do outono no hemisfério Sul), nasce em uma determinada constelação: Áries, Peixes ou Aquário, por exemplo. Devido à precessão da Terra, a posição do Sol no céu no dia do Equinócio Vernal se modificou lentamente desde os tempos dos babilónicos.
A área ocupada por uma constelação no céu é limitada por uma borda imaginária que a separa das demais constelações. Em 1929, a União Astronómica Internacional definiu as bordas das 88 constelações oficiais. A borda estabelecida entre Peixes e Aquário localiza o início da Era de Aquário por volta de 2600 d.C. Os astrólogos não utilizam esta convenção e afirmam " que os acontecimentos atuais mostram que já estamos na Era de Aquário". Pelo menos eles aceitam o fenómeno da precessão. Certo?
Errado. Os signos zodiacais continuam sendo definidos pela data do nascimento da mesma forma que no tempo de Ptolomeu (85-165 d. C.). O signo solar deveria indicar a constelação em que o Sol está no momento do nascimento, mas os astrólogos actuais utilizam as constelações erradas, porque esquecem de computar a precessão da Terra. Será que a definição do signo solar deveria ser a constelação em que o Sol vai estar daqui mais ou menos um mês do nascimento? Porque hoje em dia é isto que ocorre, além de não considerarem o trânsito do Sol em Ofiúco. Na época dos babilónicos a constelação de Ofiúco não fazia parte do Zodíaco, mas hoje em dia esta constelação relativamente grande pertence ao Zodíaco devido à precessão.
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Alguns astrólogos afirmam, ao contrário da maioria, utilizar o chamado zodíaco tropical. Neste caso, os signos são designados a partir do Equinócio Vernal, ou seja, estes astrólogos afirmam que por volta de 21 de março, o Sol nasce na constelação de Áries (oficialmente, pela União Astronômica Internacional, nasce em Peixes). A partir daí, o ano é dividido igualmente entre os doze signos. Alguns dizem incluir a constelação de Ofiúco, mas você conhece alguém que seja do signo de Ofiúco? Nem eu.
De qualquer forma isto corrige localmente o problema do erro astronômico na designação dos signos, mas não corrige o problema de relacionar eventos astronômicos reais com o nascimento. Quando se utiliza o zodíaco tropical não existe nenhuma relação entre a posição real do Sol, da Lua e dos planetas com as constelações, exatamente o que ocorre quando é utilizado o zodíaco comum descrito na tabela anterior.
Além disso, antes de 300 a.C., quando estávamos na Era de Áries, o zodíaco tropical não coincidia com o zodíaco comum aperfeiçoado por Ptolomeu. Por que então o zodíaco tropical deve ser utilizado? Somente porque corrige parcialmente para a Era atual as discrepâncias da precessão?
Enfim, apesar da astrologia ser tão antiga quanto a Astronomia e de vários astrônomos que contribuíram significativamente para o avanço da Astronomia também ganharem a vida como astrólogos, não existe sequer uma teoria sobre o mecanismo através do qual os astros influenciam tanto as pessoas.
De qualquer forma isto corrige localmente o problema do erro astronômico na designação dos signos, mas não corrige o problema de relacionar eventos astronômicos reais com o nascimento. Quando se utiliza o zodíaco tropical não existe nenhuma relação entre a posição real do Sol, da Lua e dos planetas com as constelações, exatamente o que ocorre quando é utilizado o zodíaco comum descrito na tabela anterior.
Além disso, antes de 300 a.C., quando estávamos na Era de Áries, o zodíaco tropical não coincidia com o zodíaco comum aperfeiçoado por Ptolomeu. Por que então o zodíaco tropical deve ser utilizado? Somente porque corrige parcialmente para a Era atual as discrepâncias da precessão?
Enfim, apesar da astrologia ser tão antiga quanto a Astronomia e de vários astrônomos que contribuíram significativamente para o avanço da Astronomia também ganharem a vida como astrólogos, não existe sequer uma teoria sobre o mecanismo através do qual os astros influenciam tanto as pessoas.
Estudos experimentais
A característica fundamental da Ciência é a observação da natureza e a experimentação. Em outras palavras, ao observar um fenómeno o cientista cria uma teoria para explicá-lo, faz previsões a partir da sua teoria e realiza experimentos para verificar se as previsões estão corretas. Se a astrologia aspira a ser uma Ciência deve ser julgada pelos princípios científicos. Primeiro de todos: o encargo da prova cabe a quem faz as alegações. Ou seja, cabe aos astrólogos provar que a astrologia funciona. No entanto, os efeitos das posições dos planetas e da Lua em qualquer pessoa na Terra nunca foram demonstrados em qualquer estudo sistemático revisado. Seguem exemplos de alguns estudos:
- O psicólogo Bernard Silverman, da Michigan State University, estudou o casamento de 2978 casais e o divórcio de 478 casais, comparando com as previsões de compatibilidade ou incompatibilidade dos horóscopos e não encontrou qualquer correlação. Pessoas "incompatíveis" casam-se e divorciam-se com a mesma frequência que as "compatíveis" (Silverman, B.I. Studies of Astrology. The Journal of Psychology. 1971, 77, 141-149). O psicólogo suíço Carl Jung (1875-1961), em seu livro "A Interpretação da Natureza e da Psique", chegou à mesma conclusão.
- O físico John McGervey, da Case Western University, estudou as biografias e datas de nascimento de 6000 políticos e 17000 cientistas e não encontrou qualquer correlação entre a data de nascimento e a profissão, prevista pela astrologia (Innumeracy, Paulos J.A.).
- Um teste duplo-cego da astrologia foi proposto e executado pelo físico Shawn Carlson, do Lawrence Berkeley Laboratory, Universidade da Califórnia. Grupos de voluntários forneceram informações para que uma organização astrológica bem estabelecida produzisse um horóscopo completo da pessoa, que também preenchia um questionário de personalidade completo, preestabelecido de comum acordo com os astrólogos. A organização astrológica que calculava o horóscopo completo da pessoa, juntamente com 28 astrólogos profissionais que tinham aprovado o procedimento antecipadamente, seleccionavam entre 3 questionários de personalidade aquele que correspondia a um horóscopo calculado. Como haviam 3 questionários e um horóscopo, a chance de acerto aleatório era de 1/3 = 33%. Os astrólogos tinham previsto antecipadamente que a taxa de acerto deveria ser maior do que 50%, mas em 116 testes, a taxa de acerto foi de 34%, ou seja, a esperada para escolha ao acaso. Em outras palavras, os astrólogos não foram melhor do que qualquer pessoa que estivesse "chutando". Os resultados foram publicados no artigo A Double Blind Test of Astrology, S. Carlson, 1985, Nature, Vol. 318, p. 419.
- Os astrónomos Roger Culver e Philip Ianna, que publicaram o livro Astrology: True or False, (1988, Prometheus Books), registaram as previsões publicadas de astrólogos bem conhecidos e organizações astrológicas por 5 anos. Das mais de 3000 previsões específicas, envolvendo muitos políticos, actores e outras pessoas famosas, somente 10% se concretizaram. Esta taxa de acerto é menor do que a de opiniões de especialistas no assunto.
- Ainda assim, todos estes estudos são apenas exemplos isolados. Em 1988, foi publicado um artigo histórico na revista Experientia. Nele, o autor realizou uma extensa revisão dos artigos publicados sobre a astrologia e concluiu que "a astrologia é um grande e vacilante monumento à ingenuidade humana". (Experientia, Volume 44 (4), 15 Abr, 1988, Páginas 290-297).
O Famoso Efeito Marte
Um estudo muito conhecido e comentado foi realizado por Michel Gauqelin, cuja educação formal é na área de estatística. Analisando a posição de Marte no momento do nascimento de grandes atletas ele obteve uma correlação acima da esperada para uma distribuição ao acaso, que ficou conhecida como Efeito Marte.
Muitos cépticos fizeram críticas ao experimento afirmando que houve manipulação de dados e erros de tratamento, o que não era verdade. Simplesmente ocorreu que o universo de atletas analisados por Gauqelin naquele estudo era, não intencionalmente, tendencioso.
Aqui existem três itens a serem analisados. Primeiro, no que diz respeito ao estudo de Gauqelin: um estudo isolado não prova nada até que as afirmações nele contidas sejam testadas por pesquisadores independentes e confirmadas. Até o presente momento não existem provas científicas de que a astrologia seja uma Ciência, mas se mecanismos e teorias forem propostos e exaustivamente testados com resultados independentes positivos, toda a comunidade científica aceitará a Astrologia como Ciência.
Segundo, correlação entre dois fatos não significa que existe uma relação entre eles. Não basta apenas uma correlação estatística, é necessário também que exista uma explicação de como um fenómeno está relacionado ao outro.
Terceiro, qualquer tipo de fé cega leva a atitudes não inteligentes. Muitas das críticas ao artigo de Gauqelin foram infundadas e baseadas em opiniões pessoais. Isto também não é ciência, é fundamentalismo.
De qualquer modo, o que Gauqelin afirma sobre Marte e os atletas não é verdade, de acordo com um estudo feito por cientistas franceses. Em uma amostra de 1066 atletas franceses comparada com 85280 outros nascimentos quanto a horas, datas de nascimento e localização de Marte nesse momento não foi detectado o "Efeito Marte."
Esta diferença de resultados pode ser explicada por um fenómeno social simples. As datas de nascimento dos atletas analisados neste último estudo eram mais recentes, ao passo que a maioria das datas de nascimento analisadas por Gauqelin eram do fim do século XIX e início do século passado na Europa ocidental. Nesta época, a astrologia estava em baixa e os poucos resquícios se resumiam a almanaques que publicavam dados sobre o nascer e pôr dos planetas, os quais estavam associados a profissões. Então seria bastante possível que as pessoas, principalmente de famílias eminentes modificassem as datas e horas dos nascimentos para parecer, diante da sociedade, que seus descentes a influência correta dos astros. Afinal, um grande comandante militar, por exemplo, gostaria que seu filho fosse nascido sobre a influência de Plutão e seguisse a carreira militar, continuando, assim, a tradição da família. Geofrey Dean analisou novamente os dados de Gauqelin e encontrou dados que mostram que as horas e dias de nascimentos podem ter sido manipulados pelos pais. Por exemplo, havia poucos nascimentos em dias considerados de mau agouro pelos almanaques como nos dias 13, dias de lua nova, etc. Além disso, certas horas também mal-agouradas como meia-noite são evitadas. Em outras palavras, existe uma componente social por trás do efeito Marte: as pessoas do fim do século XIX e início do XX tinham informação, motivo e oportunidade para inadvertidamente criar um aparente efeito planetário como o efeito Marte. (Skeptical Inquirer, 26(3)).
Michel Gauqelin, mesmo acreditando na astrologia, durante toda a vida se comportou como um verdadeiro cientista, realizando vários experimentos e estudos sobre a astrologia e publicando todos os resultados, mesmo aqueles que iam contra suas crenças pessoais. Ele é uma fonte imensa de artigos que são usados tanto pelos astro-crentes como pelos descrentes.
Graças aos trabalhos de Gauqelin, muitos astrólogos vêm se graduando em cursos relacionados às áreas de estatística e psicologia com o intuito de produzir trabalhos de qualidade que sejam aceites pela comunidade científica. Infelizmente nenhum deles parece estar preocupado em propor um mecanismo que explique as estatísticas que eles produzem. Correlações estatísticas, conforme comentado, não são suficientes para provar a relação entre dois fenómenos.
Muitos cépticos fizeram críticas ao experimento afirmando que houve manipulação de dados e erros de tratamento, o que não era verdade. Simplesmente ocorreu que o universo de atletas analisados por Gauqelin naquele estudo era, não intencionalmente, tendencioso.
Aqui existem três itens a serem analisados. Primeiro, no que diz respeito ao estudo de Gauqelin: um estudo isolado não prova nada até que as afirmações nele contidas sejam testadas por pesquisadores independentes e confirmadas. Até o presente momento não existem provas científicas de que a astrologia seja uma Ciência, mas se mecanismos e teorias forem propostos e exaustivamente testados com resultados independentes positivos, toda a comunidade científica aceitará a Astrologia como Ciência.
Segundo, correlação entre dois fatos não significa que existe uma relação entre eles. Não basta apenas uma correlação estatística, é necessário também que exista uma explicação de como um fenómeno está relacionado ao outro.
Terceiro, qualquer tipo de fé cega leva a atitudes não inteligentes. Muitas das críticas ao artigo de Gauqelin foram infundadas e baseadas em opiniões pessoais. Isto também não é ciência, é fundamentalismo.
De qualquer modo, o que Gauqelin afirma sobre Marte e os atletas não é verdade, de acordo com um estudo feito por cientistas franceses. Em uma amostra de 1066 atletas franceses comparada com 85280 outros nascimentos quanto a horas, datas de nascimento e localização de Marte nesse momento não foi detectado o "Efeito Marte."
Esta diferença de resultados pode ser explicada por um fenómeno social simples. As datas de nascimento dos atletas analisados neste último estudo eram mais recentes, ao passo que a maioria das datas de nascimento analisadas por Gauqelin eram do fim do século XIX e início do século passado na Europa ocidental. Nesta época, a astrologia estava em baixa e os poucos resquícios se resumiam a almanaques que publicavam dados sobre o nascer e pôr dos planetas, os quais estavam associados a profissões. Então seria bastante possível que as pessoas, principalmente de famílias eminentes modificassem as datas e horas dos nascimentos para parecer, diante da sociedade, que seus descentes a influência correta dos astros. Afinal, um grande comandante militar, por exemplo, gostaria que seu filho fosse nascido sobre a influência de Plutão e seguisse a carreira militar, continuando, assim, a tradição da família. Geofrey Dean analisou novamente os dados de Gauqelin e encontrou dados que mostram que as horas e dias de nascimentos podem ter sido manipulados pelos pais. Por exemplo, havia poucos nascimentos em dias considerados de mau agouro pelos almanaques como nos dias 13, dias de lua nova, etc. Além disso, certas horas também mal-agouradas como meia-noite são evitadas. Em outras palavras, existe uma componente social por trás do efeito Marte: as pessoas do fim do século XIX e início do XX tinham informação, motivo e oportunidade para inadvertidamente criar um aparente efeito planetário como o efeito Marte. (Skeptical Inquirer, 26(3)).
Michel Gauqelin, mesmo acreditando na astrologia, durante toda a vida se comportou como um verdadeiro cientista, realizando vários experimentos e estudos sobre a astrologia e publicando todos os resultados, mesmo aqueles que iam contra suas crenças pessoais. Ele é uma fonte imensa de artigos que são usados tanto pelos astro-crentes como pelos descrentes.
Graças aos trabalhos de Gauqelin, muitos astrólogos vêm se graduando em cursos relacionados às áreas de estatística e psicologia com o intuito de produzir trabalhos de qualidade que sejam aceites pela comunidade científica. Infelizmente nenhum deles parece estar preocupado em propor um mecanismo que explique as estatísticas que eles produzem. Correlações estatísticas, conforme comentado, não são suficientes para provar a relação entre dois fenómenos.
Aspectos psicológicos
Defensores da astrologia psicológica argumentam que a astrologia existe há milhares de anos e tem sido correta na descrição da personalidade das pessoas. Este argumento se baseia somente no testemunho de consumidores felizes com seu horóscopo e os conselhos recebidos e não valida a astrologia como Ciência. Isto simplesmente confirma a eficácia da leitura fria, o efeito Forer e a predisposição para a confirmação.
A leitura fria é uma técnica desenvolvida por mágicos para maravilhar as plateias e foi utilizada, conscientemente ou não, durante milénios por adivinhos e médiuns. Ela pode ser utilizada com dois objectivos: fazer a pessoa agir de uma certa maneira ou acreditar que o interlocutor consegue adivinhar coisas a respeito dela. (Dutton, D L, Experientia, 44(4), 1988, 326-332. Layne, C, Journal of Clinical Psychology, 34(1), 1978, 94-97 ).
A leitura fria se baseia nos princípios da manipulação: sugestão e adulação. As pessoas, em geral, tendem a ser um tanto quanto egocêntricas e a possuir uma visão não realista sobre si mesmas, portanto facilmente aceitam afirmações feitas sobre elas que não reflectem necessariamente a realidade e, sim, a forma como elas se vêem ou gostariam de ser. Outro aspecto importante é a memória selectiva: mesmo que o manipulador faça várias afirmações erradas sobre a pessoa, ela tenderá a se lembrar somente das corretas.
A selectividade da mente humana não é uma função que pode ser simplesmente desligada. Nosso cérebro está sempre inconscientemente escolhendo aquilo que lembraremos no futuro e descartando dados considerados irrelevantes. Ser enganado pela leitura fria não significa que a pessoa é facilmente enganável ou pouco inteligente, na realidade é mais fácil manipular uma pessoa inteligente e com raciocínio lógico desenvolvido, pois, assim, ela é capaz de entender e seguir as conexões feitas pelo manipulador. Nem todos que utilizam a leitura fria o fazem de maneira maliciosa. Muitos médiuns, astrólogos, tarólogos e outros oráculos realmente acreditam que possuem poderes extra-sensoriais e ficam maravilhados com as informações que simplesmente parecem surgir nas suas mentes.
Existem três factores importantes na leitura fria:
(1) Pesquisa de detalhes: o médium faz uma afirmação vaga porém sugestiva do tipo: "Eu sinto uma energia relacionada ao mês Janeiro..." Se a pessoa confirmar, ele segue por esta linha, se a pessoa refutar ele vai lentamente mudando a direcção da conversa e "pescando" detalhes.
(2) Todas as alegações são vagas ou na forma de perguntas: "Eu sinto uma sensação morna na área da nuca..." ou "Você tem sentimentos fortes em relação a uma pessoa nesta sala, certo?".
(3) As ocasiões em que o médium erra serão selectiva-mente esquecidas.
Outro factor presente em várias pseudociências é o chamado efeito Barnum, ou efeito Forer, identificado pela primeira vez pelo psicólogo B.R. Forer. (O nome Barnum parece ter sido uma homenagem de Forer ao artista de circo P. T. Barnum conhecido por sua grande habilidade como manipulador psicológico). Forer descobriu que as pessoas tendem a aceitar descrições de personalidade vagas e gerais como se fossem única e exclusivamente suas sem perceber que as descrições se aplicam a quase qualquer pessoa. Este efeito é conhecido pela psicologia há mais de 20 anos e existem vários trabalhos sobre o assunto.
Alguns estudos comprovam a eficiência da leitura fria e do efeito Forer:
Além da leitura fria e do efeito Barnum, outro importante factor psicológico é a tendência para a confirmação (confirmation bias). Esta tendência é um tipo de pensamento selectivo e inconsciente em que tendemos a perceber somente os fatos que apoiam aquilo que acreditamos e ignorar ou diminuir aqueles que nos contradizem. Isto é um fato tão arraigado no ser humano que leva muitos cientistas a projectar experimentos tendenciosos que confirmam suas teorias. Portanto é sempre necessário que autores com ideias contrárias revisem artigos científicos. Este fenómeno conhecido e extensivamente estudado também é observado em diagnósticos médicos.
Outro aspecto interessante é que culturas que possuem outros tipos de astrologia também "sentem" sua influência e acreditam que os horóscopos descrevem totalmente sua personalidade. Na realidade a astrologia está tão enraizada nas vidas das pessoas que elas passam a assumir características relativas ao seu signo. Exemplo: geminianos são extremamente comunicativos, logo alguém que passa a vida inteira ouvindo e lendo isso, passa inconscientemente a agir de forma comunicativa. Na astrologia chinesa, os signos são designados de acordo com o ano de nascimento e este signo é utilizado para descrever a personalidade e prever o destino de uma pessoa. Em vista disto, as pessoas nascidas em um ano ruim chegam ao ponto de morrerem mais cedo ao interiorizar o fato de que têm um destino ruim (Phillips, D P; Ruth, T E; Wagner, L M, Lancet, 342(8880), 1993, 1142-1145 ). E explosões de nascimento ocorrem em anos auspiciosos como o ano do dragão (Nguyen, M.T., Swenson I. J Biosoc Sci., 28(3), 1996, 367-77.). Portanto, mesmo sendo um sistema astrológico diferente do ocidental, a astrologia chinesa "funciona" para aqueles que acreditam nela, ou seja a eficiência da qualquer sistema astrológico é um fenómeno meramente cultural.
A leitura fria é uma técnica desenvolvida por mágicos para maravilhar as plateias e foi utilizada, conscientemente ou não, durante milénios por adivinhos e médiuns. Ela pode ser utilizada com dois objectivos: fazer a pessoa agir de uma certa maneira ou acreditar que o interlocutor consegue adivinhar coisas a respeito dela. (Dutton, D L, Experientia, 44(4), 1988, 326-332. Layne, C, Journal of Clinical Psychology, 34(1), 1978, 94-97 ).
A leitura fria se baseia nos princípios da manipulação: sugestão e adulação. As pessoas, em geral, tendem a ser um tanto quanto egocêntricas e a possuir uma visão não realista sobre si mesmas, portanto facilmente aceitam afirmações feitas sobre elas que não reflectem necessariamente a realidade e, sim, a forma como elas se vêem ou gostariam de ser. Outro aspecto importante é a memória selectiva: mesmo que o manipulador faça várias afirmações erradas sobre a pessoa, ela tenderá a se lembrar somente das corretas.
A selectividade da mente humana não é uma função que pode ser simplesmente desligada. Nosso cérebro está sempre inconscientemente escolhendo aquilo que lembraremos no futuro e descartando dados considerados irrelevantes. Ser enganado pela leitura fria não significa que a pessoa é facilmente enganável ou pouco inteligente, na realidade é mais fácil manipular uma pessoa inteligente e com raciocínio lógico desenvolvido, pois, assim, ela é capaz de entender e seguir as conexões feitas pelo manipulador. Nem todos que utilizam a leitura fria o fazem de maneira maliciosa. Muitos médiuns, astrólogos, tarólogos e outros oráculos realmente acreditam que possuem poderes extra-sensoriais e ficam maravilhados com as informações que simplesmente parecem surgir nas suas mentes.
Existem três factores importantes na leitura fria:
(1) Pesquisa de detalhes: o médium faz uma afirmação vaga porém sugestiva do tipo: "Eu sinto uma energia relacionada ao mês Janeiro..." Se a pessoa confirmar, ele segue por esta linha, se a pessoa refutar ele vai lentamente mudando a direcção da conversa e "pescando" detalhes.
(2) Todas as alegações são vagas ou na forma de perguntas: "Eu sinto uma sensação morna na área da nuca..." ou "Você tem sentimentos fortes em relação a uma pessoa nesta sala, certo?".
(3) As ocasiões em que o médium erra serão selectiva-mente esquecidas.
Outro factor presente em várias pseudociências é o chamado efeito Barnum, ou efeito Forer, identificado pela primeira vez pelo psicólogo B.R. Forer. (O nome Barnum parece ter sido uma homenagem de Forer ao artista de circo P. T. Barnum conhecido por sua grande habilidade como manipulador psicológico). Forer descobriu que as pessoas tendem a aceitar descrições de personalidade vagas e gerais como se fossem única e exclusivamente suas sem perceber que as descrições se aplicam a quase qualquer pessoa. Este efeito é conhecido pela psicologia há mais de 20 anos e existem vários trabalhos sobre o assunto.
Alguns estudos comprovam a eficiência da leitura fria e do efeito Forer:
- O próprio Michel Gauquelin colocou um anúncio em um jornal francês oferecendo horóscopos. Ele enviou o perfil de um assassino em série para as 150 pessoas que responderam ao anúncio. Quando entrevistadas mais tarde, 94% dessas pessoas afirmaram que se reconheciam naquele perfil.
- Geoffrey Dean inverteu os perfis astrológicos de 22 pessoas, ou seja, substituiu as frases do horóscopo por outras que significavam o oposto. Ainda assim, as pessoas continuaram a afirmar que os perfis se adequavam a elas em 95% dos casos, a mesma frequência das pessoas que receberam os horóscopos correctos (Dean, G. Does Astrology Need to be True? Part 1: A Look at the Real Thing, Skeptical Inquirer, 11, 166,1987) Em outro estudo, ele também demonstrou que as diferenças de personalidade de gémeos idênticos não podem ser previstas através da astrologia. Este trabalho foi publicado na revista Personality and Individual Differences, 21(3), páginas 449-454 em 1996.
Além da leitura fria e do efeito Barnum, outro importante factor psicológico é a tendência para a confirmação (confirmation bias). Esta tendência é um tipo de pensamento selectivo e inconsciente em que tendemos a perceber somente os fatos que apoiam aquilo que acreditamos e ignorar ou diminuir aqueles que nos contradizem. Isto é um fato tão arraigado no ser humano que leva muitos cientistas a projectar experimentos tendenciosos que confirmam suas teorias. Portanto é sempre necessário que autores com ideias contrárias revisem artigos científicos. Este fenómeno conhecido e extensivamente estudado também é observado em diagnósticos médicos.
Outro aspecto interessante é que culturas que possuem outros tipos de astrologia também "sentem" sua influência e acreditam que os horóscopos descrevem totalmente sua personalidade. Na realidade a astrologia está tão enraizada nas vidas das pessoas que elas passam a assumir características relativas ao seu signo. Exemplo: geminianos são extremamente comunicativos, logo alguém que passa a vida inteira ouvindo e lendo isso, passa inconscientemente a agir de forma comunicativa. Na astrologia chinesa, os signos são designados de acordo com o ano de nascimento e este signo é utilizado para descrever a personalidade e prever o destino de uma pessoa. Em vista disto, as pessoas nascidas em um ano ruim chegam ao ponto de morrerem mais cedo ao interiorizar o fato de que têm um destino ruim (Phillips, D P; Ruth, T E; Wagner, L M, Lancet, 342(8880), 1993, 1142-1145 ). E explosões de nascimento ocorrem em anos auspiciosos como o ano do dragão (Nguyen, M.T., Swenson I. J Biosoc Sci., 28(3), 1996, 367-77.). Portanto, mesmo sendo um sistema astrológico diferente do ocidental, a astrologia chinesa "funciona" para aqueles que acreditam nela, ou seja a eficiência da qualquer sistema astrológico é um fenómeno meramente cultural.
Conclusões
Carl Sagan em seu livro Um Mundo Assombrado por Demónios apresenta uma metáfora muito útil para analisar um tipo de alegação muito comum nas pseudociências: o dragão flutuante invisível que cospe fogo frio na garagem. Este é um exemplo de alegações que não podem ser testadas e asserções que não podem ser negadas, as quais não possuem valor algum, não importa o quão maravilhosas e inspiradoras elas sejam.
Além disso, os astrólogos e outros seguidores de pseudociências criam explicações ad hoc: para cada teste proposto ou realizado eles apresentam suas explicações especiais: "os astrólogos consultados não eram profissionais de primeira linha", "há mais coisas entre o céu e a terra que imagina nossa vã filosofia", "não é nenhuma força conhecida da Ciência" (mas não descrevem esta nova força, nem apresentam evidência da sua acção) e por aí vai.
A astrologia existe há cerca de 5000 anos e até hoje não foi apresentado nenhum mecanismo que explique porque a posição de alguns corpos celestes (aqueles visíveis a olho nu e os planetas descobertos mais recentemente) têm influência sobre a personalidade e destino das pessoas. Nesse meio tempo a Astronomia evoluiu desde o geocentrismo até o espaço curvo de Einstein. Seriam os astrólogos menos inteligentes? Não é o caso, pois muitos dos grandes astrónomos ganhavam a vida como astrólogos e, apesar de terem proposto teorias que em muito contribuíram para a astronomia (Kepler foi um deles), por algum motivo eles não propuseram nenhuma teoria astrológica.
É claro que somente porque nenhum mecanismo foi proposto, não implica a priori na inexistência do fenómeno. No entanto, os astrólogos também não apresentam evidências sólidas de que o fenómeno existe. Nenhum observador externo consegue ver o fenómeno, não existe nenhum mecanismo proposto, parece um dragão invisível flutuante que cospe fogo frio.
A Astrologia pode ser considerada uma Arte e como todos os oráculos (jogo de búzios, taro, quiromancia etc) não possui nenhuma base científica. Neste caso, os astrólogos estão correctos porque não cabe questionar a Astrologia através do método científico. Porém eles não podem alegar nenhum valor empírico na sua arte. Mas se por outro lado, eles desejarem ser reconhecidos como cientistas, devem se comportar e serem avaliados como tais.
Além disso, os astrólogos e outros seguidores de pseudociências criam explicações ad hoc: para cada teste proposto ou realizado eles apresentam suas explicações especiais: "os astrólogos consultados não eram profissionais de primeira linha", "há mais coisas entre o céu e a terra que imagina nossa vã filosofia", "não é nenhuma força conhecida da Ciência" (mas não descrevem esta nova força, nem apresentam evidência da sua acção) e por aí vai.
A astrologia existe há cerca de 5000 anos e até hoje não foi apresentado nenhum mecanismo que explique porque a posição de alguns corpos celestes (aqueles visíveis a olho nu e os planetas descobertos mais recentemente) têm influência sobre a personalidade e destino das pessoas. Nesse meio tempo a Astronomia evoluiu desde o geocentrismo até o espaço curvo de Einstein. Seriam os astrólogos menos inteligentes? Não é o caso, pois muitos dos grandes astrónomos ganhavam a vida como astrólogos e, apesar de terem proposto teorias que em muito contribuíram para a astronomia (Kepler foi um deles), por algum motivo eles não propuseram nenhuma teoria astrológica.
É claro que somente porque nenhum mecanismo foi proposto, não implica a priori na inexistência do fenómeno. No entanto, os astrólogos também não apresentam evidências sólidas de que o fenómeno existe. Nenhum observador externo consegue ver o fenómeno, não existe nenhum mecanismo proposto, parece um dragão invisível flutuante que cospe fogo frio.
A Astrologia pode ser considerada uma Arte e como todos os oráculos (jogo de búzios, taro, quiromancia etc) não possui nenhuma base científica. Neste caso, os astrólogos estão correctos porque não cabe questionar a Astrologia através do método científico. Porém eles não podem alegar nenhum valor empírico na sua arte. Mas se por outro lado, eles desejarem ser reconhecidos como cientistas, devem se comportar e serem avaliados como tais.